PROJETO

Vivemos um processo intenso de culturalização do país, pois cada vez mais a cultura se fortalece como cenário de afirmação da cidadania e do desenvolvimento humano. O debate público demonstra que a qualidade de vida não pode ser vista apenas na ótica do desenvolvimento material, mas como apropriação contínua do patrimônio imaterial pelos cidadãos e criação de rico imaginário a partir da diversidade das culturas.

Aqui a palavra “diversidade” é forte, também território, pois cada vez a diversidade se dá mais por territórios de pertencimento e não por localidade, ou mesmo comunidades específicas.

A diversidade cultural passa a compor estratégias de mudança e de construção de novos paradigmas civilizatórios. Documento da Unesco afirma que tão importante quanto a democracia e as oportunidades econômicas é a diversidade cultural. E falar em promoção da diversidade é reconhecer direitos culturais consagrados como a liberdade de expressão, as oportunidades de diálogo, também o direito à ancestralidade e à invenção; combinar o passado com o presente para inventar o futuro de forma intercultural, dialógica e com encantamento.

No entanto, precisamos escutar para melhor compreender e interrogar a realidade, trazendo a tona novas experiências que possam subsidiar o enriquecimento de práticas, das visões participativas e de mudança, dos processos de criação da cidadania cultural. Nesse sentido, os mapeamentos socioculturais do território compõem um rol de instrumentos de defesa da promoção da diversidade cultural e de construção de políticas públicas a partir das experiências construídas no território.

Desde meados da década de 1990 os mapeamentos culturais têm sido propostas pelo Fórum Intermunicipal de Cultura (FIC), e mais recentemente pelas Conferências Municipais de Cultura de São Paulo e outros Estados,  pelo Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares (Brasília, 2005), pela Conferência Nacional de Cultura (Brasília, 2006) e muitos outros mapeamentos localizados em território nacional (Censo Cultural de Santo André e Diagnóstico Cultural de Belo Horizonte) e atualmente pelo Plano Nacional de Cultura. Na América Latina também existem experiências consolidadas de mapeamento sociocultural na Argentina, Colômbia e de redes de arte transformação com presença em movimentos culturais.

Este instrumento procura detectar e entender quem são os atores e quais sãos os saberes e fazeres no universo cultural da localidade, bem como sua presença e capacidade de mudar relações. Realiza um levantamento de atividades, práticas, espaços, eventos, manifestações – institucionalizadas ou não – de grupos e artistas num determinado território. E obtém, assim, uma imagem cartográfica e um banco de dados que poderá mostrar a diversidade cultural local e suas possibilidades; identificar demandas e ofertas existentes em determinada região para um melhor planejamento das políticas culturais, além de poder subsidiar o planejamento de políticas públicas em diversos setores, considerando-se o caráter multidimensional da cultura e, assim , abrir novas possibilidades de ação conjunta e parceria.

Considera-se importante aqui que novos sistemas metodológicos podem ser usados como metodologias de auscultas socioculturais: por exemplo, cartovideografia e auscultas audiovisuais, pois a dinâmica dos coletivos jovens em constante transformação impõe grandes dificuldades aos modelos consolidados de mapeamento sociocultural, baseados apenas na localização e descrição de grupos, espaços e experiências. O processo metodológico deve envolver os atores locais visando a construção do produto final de forma participativa.

Assim, o mapeamento sociocultural pode constituir-se como potencializador das ações culturais no território, sentir a pulsação cultural do contexto, fortalecer o que é visível, revelar aquilo que está oculto para a sociedade, para as políticas públicas e muitas vezes para a própria comunidade. Pode ser um instrumento para ver melhor, auscultar os ruídos interiores, afirmar as vozes locais e, assim, contribuir para a presença desses cenários e atores nos processos identitários da localidade e do país, gerando, além disso, outras modalidades de comunicação política entre os grupos envolvidos.

 

OBJETIVOS GERAIS

•  Refletir sobre o papel dos mapeamentos socioculturais na construção da diversidade cultural do território

•  Refletir sobre o papel do mapeamento sociocultural para a efetivação de políticas públicas para a afirmação da cidadania cultural.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

•  Sistematizar experiências de mapeamento sociocultural na Iberoamerica

•  Sistematizar metodologias de mapeamento sociocultural

•  Desenvolver conceitos de mapeamento

•  Aproximar experiências entre o mapeamento no campo cultural e de outros segmentos “não-culturais”

•  Contribuir para o desenvolvimento de uma cultura da diversidade a partir de mapeamentos socioculturais

RESULTADOS

•  Despertar as redes socioculturais e as organizações públicas e privadas para a importância do mapeamento sociocultural como instrumento de afirmação da diversidade cultural

•  Desenvolver conceitos pertinentes a mapeamentos socioculturais como instrumento de política pública

•  Sistematizar experiências e metodologias de mapeamento sociocultural

5 Respostas para “PROJETO

  1. Gostaria de sugrir que as ascultas videográficas ou vdeocartografias pudessem estar, na forma de uma mostra, acessíveis pela internet, ao longo do evento, potencializando a difusão de experiências dispersas, reunidas no contexto do encontro proposto. Abs, Lilian Amaral

  2. GOSTEI MUITO SAO NECESSARIOA PARA
    O FORTALECIMENTO DAS POLITICAS
    PUBLICA DA CULTURA REGIONAL E DISTRI
    TAL E REGIONAL E NACIONAL
    PARABENS PARABENS
    SAO PAULO,23 DE SETEMBRO DE 2009-AS
    19:00-HORAS

  3. maria aurecy pinheiro chagas

    Mapear e fomentar movimentos que revelem e incentivem a valorização e reconhecimento da diversidade cultural e sua importantância no contexto de afirmação de um povo é fundamental para um país que a própria diversidade em essência.

  4. Venho desenvolvendo projetos nas áreas de desenvolvimento de produções culturais, artísticas e educacionais no sentido de constituir o que estamos denominando de usuários geradores e distribuidores de seus próprios conteúdos. Para isso, verifico a necessidade de desenvolver sistemas e metodologias para realizar mapeamentos socioculturais. Acho a ideia do evento muito interessante, especialmente, quando pretende despertar as redes socioculturais e as organizações públicas e privadas para a importância do mapeamento sociocultural como instrumento de afirmação da diversidade cultural. Sou professor universitário e meus projetos de arte, educação e games vão no sentido de mapear as redes sociais no sentido da afirmação da cidadania cultural. Parabéns.

  5. A experiência desenvolvida pelos jovens da Casa dos Meninos durante a última conferencia de direitos da criança e do adolescente na subprefeitura do M Boi Mirim coloca uma possibilidade concreta para o mapeamento sócio-cultural na cidade de São Paulo articulando a área de vivência, participação da juventude e comunidade com a tecnologia da informação atual no cotidiano. O uso da cartografia digital, maquetes topográficas e localização das coordenadas geográficas dos interesses envolvidos, assim como uma comunicação e possibilidade de espaço de debates sobre a realidade vivida se tornou possível de ser replicada para toda a cidade de São Paulo e outras regiões. Ver em: http://www.conferenciadedireitos.org.br/anexos/2809200907045.pdf

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